quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Bolsa deve subir mais de 30% no próximo ano, prevêem analistas

http://economia.uol.com.br/ultnot/2007/12/20/ult4294u901.jhtm

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deve fechar o próximo ano com cerca de 80 mil pontos, o que significa uma alta de 30,9% em relação ao fechamento da última terça-feira (18/12). O número foi obtido a partir de levantamento feito pelo UOL com dez corretoras de valores que já definiram sua previsão para o Ibovespa.

Entre os analistas consultados, os mais otimistas são os da Win, home broker da Alpes Corretora. Eles projetam a Bovespa a 85 mil pontos no final de 2008, o que representa um avanço de 32,1% em relação ao nível verificado na última sexta-feira. A estimativa menos otimista é a da Ativa: 76.500 pontos, alta de 20,1%, na mesma base de comparação.

"As condicionantes são todas favoráveis (ao avanço da Bolsa)", diz Keyler Rocha, professor do departamento de Administração e Finanças da USP (Universidade de São Paulo). "A inflação está sob controle, o Brasil está com um crescimento razoável, as reservas estão elevadas, o real está em um bom nível, as empresas estão com excelente lucratividade", analisa o professor.

A perspectiva de que agências de classificação de risco atribuam ao país o status de grau de investimento (o que significa dizer que se reduziu a chance de o país dar calote nos seus credores) também contribuiu para a projeção positiva. "Isso acontecendo, alguns fundos internacionais, que não podem investir no Brasil hoje, vão passar a ter essa permissão", lembra o professor.

A tendência à queda da taxa de juros também deve ajudar a Bolsa, segundo Rocha, uma vez que os investimentos em renda fixa ficarão menos atrativos. O retorno da aplicação em renda fixa deve ficar ao redor de 10%, prevê Daniel Gorayeb, analista de investimento da Spinelli.

Risco
A crise do
subprime (empréstimos imobiliários de alto risco nos Estados Unidos) e a possível desaceleração (ou mesmo recessão) na economia dos Estados Unidos estão entre os fatores que mais preocupam investidores.

Já o fim da CPMF divide analistas; uns temem impacto negativo no crescimento do país caso o governo aumente outros impostos para compensar a perda, outros vêem uma chance de o governo passar a controlar melhor os gastos. Outros, ainda, enxergam novas oportunidades em ações de empresas que se beneficiam com o fim do tributo.

O impacto que a Bovespa sofrerá do exterior será "menos positivo", enquanto a influência de fatores internos será mais benéfica para as ações brasileiras, resume Gorayeb, da Spinelli. Ele prevê que a taxa básica de juros, a Selic, caia em 2008, desencadeando aumento de consumo da população e, portanto, das vendas das empresas.

"O lucro médio das empresas do Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) deve subir cerca de 25%, sustentando uma alta similar para o índice", estima Gorayeb. A fraqueza da economia americana assusta, segundo ele, "mas não a ponto de mudar o rumo da Bolsa brasileira". Sua corretora trabalha com a hipótese de desaceleração do PIB dos Estados Unidos, não de retração. Para o mercado nacional, ele prevê que notícias negativas vindas dos EUA causem apenas "perdas momentâneas".

Para Fausto Gouveia, da Win, os problemas do "subprime" preocupam, mas "dependem de como os bancos centrais vão reagir". Segundo ele, "é uma questão que tem solução".

A crise do crédito de alto risco nos Estados Unidos é "localizada" e não deve afetar o Brasil, na visão de Rocha, da USP. "O que preocupa mais é uma eventual recessão (nos EUA). Isso pode abalar as vendas no mundo, de modo que a lucratividade das empresas caia. Mas, se a China continuar comprando, como vem acontecendo, esse problema não vai existir", analisa o professor

Nenhum comentário: