terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O que é risco Brasil e C-Bond

É um conceito nada complicado: medir se é muito arriscado investir no Brasil. Se o risco for muito alto, compensa-se o risco oferecendo uma taxa de juros mais elevada, o que garante maior retorno ao investimento.

Isto quer dizer que o investidor só vai deixar de investir nos Estados Unidos, onde o risco é praticamente nulo, para investir no Brasil se o rendimento pago for muito mais alto. Quanto maior é a incerteza ou risco associado a uma aplicação financeira, maior é a rentabilidade exigida pelo investidor.

O risco Brasil é utilizado na captação de recursos pelos países. Os governos costumam captar recursos no mercado por meio da emissão de títulos da dívida externa (C-Bond).

Um investidor só decidirá aplicar em títulos do Brasil se os juros pagos compensarem o risco de inadimplência associado. Caso contrário, o investidor optará por destinar seus recursos a uma aplicação mais segura.

O risco Brasil funciona como um termômetro da confiança do mercado na capacidade do País de honrar seus compromissos externos. Quanto maior a probabilidade de calote que o mercado atribui a esse país, maior o risco Brasil.

Dessa maneira, o risco Brasil é uma medida do diferencial de juros que o governo de um país tem de pagar para conseguir colocar seus títulos de longo prazo no mercado em relação aos juros norte-americanos. Quando o Risco Brasil alcança 1.700 pontos, significa que o Brasil está 17 pontos percentuais acima dos títulos do Tesouro norte-americano, os chamados Treasuries.

O principal indicador utilizado pelo mercado para acompanhar o risco país é índice EMBI+, sigla em inglês que significa "Emerging Markets Bond Index Plus". Trata-se de um índice calculado pelo banco J.P.Morgan, que acompanha as taxas pagas por uma cesta de títulos da dívida externa para vários países emergentes.

Para captar dinheiro no exterior, o Brasil vende títulos da dívida externa a investidores estrangeiros que emprestam seu dinheiro em troca de uma taxa de juros definida. Um dos títulos da dívida externa brasileira é o C-Bond, o mais negociado no exterior.

O C-Bond tem um valor de face de US$ 1. Antes das eleições presidenciais de 2002, o título estava sendo negociado pela metade do seu valor de face. Isto porque os investidores estrangeiros acreditavam na possibilidade de o Brasil dar calote diante da iminente vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

O preço do C-Bond mostrava deságio em outubro de 2002. Naquele período, um preço de 48 centavos de dólar indicava deságio de 52%. Quanto menor o preço, maior o juro recebido pelo detentor do C-Bond.

Passado o primeiro de governo Lula, os investidores dão sinais de confiança no Brasil. O C-Bond superou os 100% do seu valor de face. A chegada do papel ao seu valor integral significa que agora ele é negociado com ágio sobre o valor de face. Quem compra o papel receberá juros menores, já que a percepção de risco do País é cada vez menor (ver risco Brasil).

O C-Bond acima de 100% do valor de face dá o direito ao governo brasileiro de recomprar os papéis nas datas de pagamento de cupom. Para isso, o governo precisa avisar o mercado com antecedência de pelo menos 30 dias.

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